Passagem

É muito difícil captar as subtilezas de cor deste quadro com a fotografia. Existem nuances de lavanda e azuis que não é possível ver nesta imagem digital. Esta é uma pintura de imersão, ela transporta-nos para outra dimensão, a nossa dimensão interior.

É uma Passagem. O caminho é apenas visível uns passos à frente e o resto mergulha-se em nevoeiro. Há que dar os passos usando apenas a confiança de que o caminho se revelará à medida que avançamos. É a Passagem para o universo do Inconsciente, o universo ao qual acedemos à noite quando o nosso Consciente adormece e permite-nos voar para outras paragens. Talvez seja esta a Passagem que usamos para aceder ao nosso mundo interior, às outras camadas do nosso Eu, viajamos até ao passado, às memórias desta vida e outras, ultrapassamos fronteiras cósmicas e mais além.

E, no momento seguinte, fazemos o caminho de volta à Consciência, acordamos apenas com um flash daquilo que vivemos de olhos fechados e coração livre.

As árvores são simbólicas de eventos e pessoas importantes das nossas vidas, das nossas experiências e vivências. Elas são mais nítidas ou mais difusas consoante o momento em que ocorreram e consoante a consciência que temos delas. Por elas passamos, tornando-as parte da nossa História.

Esta Passagem e este caminho não são estanques. Eles vão mudando à medida que avançamos. Se fosse possível olhar para trás, poderíamos ver o caminho já percorrido que também ele se estende para além do que conseguimos ver.

É o Mistério da vida que se apresenta a nós com a pergunta: “Mais um passo?”.

Que resposta iremos dar?